Inovações da tecnologia possibilitam o diagnóstico precoce e tratamento mais eficaz para doença.
O câncer de mama está entre os mais incidentes entre as mulheres no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Apesar de rara, a doença também pode acometer homens, representando cerca de 1% dos casos. Conforme explica o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz e o aumento das chances de cura.
Nos últimos anos, diversas tecnologias foram descobertas para auxiliar homens e mulheres a terem um diagnóstico de câncer de mama mais assertivo e mais chances de prevenção contra a doença. Aparelhos que usam a inteligência artificial (IA), por exemplo, ajudam a prever a condição com até cinco anos de antecedência, favorecendo o tratamento precoce.
Há ainda novas tecnologias utilizadas no tratamento do câncer de mama. De acordo com o Ministério da Saúde, a abordagem da doença pode ser feita por meio de mastectomia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica. Em todos os casos, as soluções são eficazes, mas ganham reforços com inovações tecnológicas.
Inteligência artificial como aliada no diagnóstico precoce
De acordo com o Inca, o diagnóstico tardio do câncer de mama pode resultar na necessidade de especialidades cirúrgicas, tratamentos agressivos e um futuro incerto sobre a doença. Por isso, a identificação precoce é defendida como o método mais eficaz de prevenção para a condição.
Uma equipe do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação (CSAIL) do MIT e do Hospital Geral de Massachusetts (MGH) criou um novo modelo de aprendizagem profunda que pode prever, a partir da mamografia, se um paciente pode desenvolver câncer de mama em cinco anos.
O aparelho já foi testado com mais de 60 mil pacientes do MGH e aprendeu a ler os padrões sutis do tecido mamário precursores de tumores malignos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o modelo foi significativamente melhor na previsão de risco do que todas as abordagens existentes.
A entidade explica que a mamografia tem sido um recurso utilizado para reduzir a mortalidade por câncer de mama, mas que ainda assim há um debate sobre a frequência com que fazer a triagem e quando começar.
Algumas mulheres, por exemplo, recebem a recomendação de fazer o exame aos 25 anos, ao passar por consultas médicas e ao relatar o histórico da doença na família. Em relação à frequência do exame, o Ministério da Saúde recomenda que mulheres entre 50 e 59 anos façam mamografias de rastreio a cada dois anos.
Ainda conforme a SBM, o aparelho também visa tornar a avaliação de risco mais precisa para as minorias raciais, visto que muitos modelos iniciais foram desenvolvidos em populações brancas e eram menos precisos em outras etnias.
Em entrevista para a imprensa, o professor de medicina da Universidade de Stanford diz acreditar que o modelo criado traz esperanças quanto à prevenção da doença, podendo melhorar as estratégias atuais para estimar o risco de desenvolvimento do tumor.
Biossensor faz diagnóstico rápido e de baixo custo
Outra tecnologia tem atuado no auxílio da prevenção da doença. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), um biossensor desenvolvido no Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) traz um método pouco invasivo, rápido e de baixo custo para o diagnóstico precoce do câncer de mama.
O biossensor seria capaz de detectar um biomarcador para o câncer de mama que aparece diretamente no sangue. O exame é defendido como ideal para atender populações em vulnerabilidade que demandam de rastreio acessível e de baixo custo.
Os primeiros estudos do projeto começaram antes de 2023 e envolveram uma equipe de profissionais de saúde, engenharia e biotecnologia para a realização de testes e experimentos para aprimorar a tecnologia, garantindo a eficácia e a segurança.
Tecnologias de ponta no tratamento do câncer de mama
Em entrevista para a imprensa, a coordenadora de mastologia do Centro Estadual de Oncologia (Cican), Sálvia Canguçu, destaca que a tecnologia ajudou a alcançar evoluções em terapias-alvo, como a descoberta dos inibidores de CDK4/6, inibidores de HER2 e inibidores de PARP.
Os avanços tecnológicos possibilitaram uma medicina de precisão que combina técnicas de cirurgia oncológica com procedimentos de cirurgia plástica, com reconstrução mamária para preservar a aparência estética da mama após a remoção de tumores.
Ainda de acordo com Sálvia, técnicas como radioterapia intraoperatória e parcial acelerada são novidades e têm se mostrado eficazes na redução da duração do tratamento e do impacto na qualidade da radioterapia, proporcionando menos efeitos colaterais e melhores resultados na mama.